segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Alfabetização e letramento

Trabalhei vários anos com séries iniciais do Ensino Fundamental e sempre fui fascinada pela alfabetização. Encanta-me ver os pequeninos descobrindo as letras, os sons, as palavras e fazendo deduções lógicas. Aprender a ler e escrever é um marco na vida de qualquer pessoa. Mas existe muito mais por trás do ato de ler. Na verdade começamos a ler o mundo muito antes de entrarmos na escola. Lemos cores, símbosos, números, lemos inclusive as pessoas. Mas em determinado momento nos deparamos com o mundo das palavras. Começa então a alfabetização. Até bem pouco tempo esse conceito era suficiente para mim. Pessoas alfabetizadas ou não-alfabetizadas. Mas trabalhando com as séries finais do Ensino Fundamental comecei a perceber algo estranho: alunos alfabetizados, às vezes até na 8ª série, que não conseguiam interpretar um simples texto.

No curso Alfabetização e Linguagem discutimos o tema Alfabetização X Letramento. Pude então entender que meus alunos mesmo alfabetizados se encontram em um nível ainda pequeno de letramento. Isso torna nosso trabalho ainda mais árduo. Elevar o nível de letramento dos alunos. O contato com livros fora da escola ainda é muito pequeno, isso por vários motivos. Não temos uma cultura de leitores, os livros ainda são muito caros para a realidade da maioria da nossa população, até mesmo nós, professores de Língua Portuguesa, muitas vezes deixamos a leitura de lado, por vários motivos.Elevar o nível de letramento de nossas crianças torna-se então um desafio que pode ser vencido com algumas medidas, como por exemplo levar para sala de aula diversos gêneros textuais, levar livros literários para que leiam pelo simples prazer de ler. Procurar nos livros didáticos textos de diferentes gêneros e tipos, estimular a pesquisa e a oralidade. O trabalho com o jornal pode ser um aliado de grande valor nesse intento.

Com efeito, essas e outras medidas poderão ajudar a ampliar o nível de letramento dos alunos das séries finais do Ensino Fundamental.


quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Variações linguísticas II

Falar em variações linguísticas é falar na diversidade do nosso povo, nas diferenças culturais, sociais, econômicas, religiosas, e por aí em diante... Mas por outro lado é desmitificar um conceito arraigado em todos nós de que temos uma unidade linguística, falamos a mesma língua de Norte a Sul, do Oiapoque ao Chuí. Realmente falamos a mesma língua?
Sim e não. Do ponto de vista da gramática normativa, sim. Mas se pensarmos na língua falada em cada canto desse país, com certeza veremos que há falares diversos, em nosso imenso Brasil. Temos muitas variações linguísticas.
Para começar temos os regionalismos. Estes, estão claros para todos. O nordestino, o carioca, o mineiro, o gaúcho... facilmente reconhecemos essas variações. Outra variação bem clara é quanto ao acesso à cultura. Rapidamente verificamos se uma pessoa tem ou não "estudo" simplesmente pela maneira de falar. Temos então um grande preconceito linguístico: o julgamento pelo prestígio ou pelo estigma. Logo, as variações não são apenas um fenômeno linguístico, mas também um fenômeno social.
Não é fácil para nós, professores de Língua Portuguesa, trabalharmos com diversas variações da língua em nossa sala de aula. Temos que rever conceitos antigos, repensar nossa maneira de ensinar, e não perder de vista a norma padrão, que ainda continua sendo o meio de acesso às camadas mais prestigiadas da sociedade.
Como encontrar um meio-termo? Como conciliar a gramática normativa com a linguística? Com certeza temos que ter bom senso. Não dá mais para corrigir erros de português como antigamente, pedir para copiar cem vezes cada palavra errada, corrigir a fala, mas também não podemos simplesmente rasgar todas as gramáticas, como queriam alguns linguistas.
Conhecer e respeitar as variações linguísticas em sala de aula é levar os alunos a uma reflexão sobre sua identidade, mostrando que cada variedade tem um momento certo para ser usada. Eis o papel do professor-pesquisador de língua.

Variações Linguísticas

O estudo do fascículo Variações linguísticas começou no dia 08/05/2008. Foi realmente delicioso. Primeiramente pudemos fazer uma análise de como falamos, nos movimentamos, dos gestos que usamos ao nos comunicarmos. Passamos então a discutir o fascículo, sim, a palavra é discussão, pois nosso debate foi um tanto caloroso. É difícil para algumas pessoas a mudança, o novo, o desconhecido, e foi isso que aconteceu. Falar de variedades da língua é falar da diversidade do povo brasileiro, da exclusão social, da exclusão econômica e também do grande preconceito que ainda temos. Este, reflete-se também na língua.
Sou uma curiosa por excelência. Não consegui simplesmente ler o fascículo e discuti-lo nas aulas do curso. Comecei então uma busca pelo conhecimento, começando pelos livros Preconceito linguístico, o que é, como se faz e A língua de Eulália, ambos de Marcos Bagno. Depois de muito refletir, me inquietar e observar os usos da língua em meus alunos, cheguei a algumas conclusões, as quais descreverei em um outro texto. As discussões continuaram, mas no meio tivemos um encontro muito divertido com os escritores Jonas Ribeiro e André Neves.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

2º Encontro

No dia 17/4/2008 tivemos o 2º encontro do curso. Primeiramente a Tamar leu o texto Lixo de Luís Fernando Veríssimo. A seguir fizemos uma dinâmica (muito complicada) de obedecer a certos comandos como 2 palmas, 3 palmas - para demonstrarmos certos sentimentos como alegria, inveja, ironia, etc.
Começamos então a discutir o 1° fascículo - Texto, linguagem e interação.
Depois, tivemos alguns exemplos de como trabalhar a produção de texto em nossas salas de aula. A primeira atividade, foi feita por mim na 8ª série com muito sucesso. Eu fiz assim: Escrevi várias conjunções no quadro (mas; como; porque; se; logo; e; embora, etc). Os alunos divididos em grupos escreviam uma frase e colocavam ao final uma das conjunções. O próximo aluno deveria completar a frase de maneira a dar sentido ao texto e ao final colocar outra conjunção. Assim, cada aluno ia completando o texto do colega, a fim de fazer um todo coerente. Essa experiência foi muito legal. Tivemos textos bem lógicos e outros sem pé nem cabeça.

Na aula seguinte, 24/04/2008, Tivemos a leitura compartilhada do texto O gramático, de Humberto de Campos, e novamente outra sugestão de trabalho em sala de aula. Esta, nós fizemos uma simulação muito interessante: Divididos em dois grupos, lemos o mesmo texto. Um grupo teve que se posicionar a favor do tema e outro contra. O texto foi A família em debate. Nosso grupo teve que defender a família pós-moderna, as novas estruturas familiares, o lado positivo da família separada, enfim, foi muito difícil, porque realmente acreditamos na família do jeito que sempre foi: pai, mãe e filhos.
A seguir, analisamos em grupos, textos dos nossos alunos quanto aos três olhares.

Alfabetização e linguagem

Comecei esse curso com muitas expectativas. Há muito ansiava por um curso de capacitação na área de Língua Portuguesa. Sempre achei que as séries finais do Ensino Fundamental foram deixadas de lado. Mas, enfim, chegou nossa chance de aprender mais e crescer profissionalmente.
Na verdade eu perdi o 1º encontro. N a semana seguinte, começamos com um texto, A procura de palavras, e fizemos a Dinâmica das completudes, que posteriormente apliquei em sala de aula com meus alunos. Houve ainda a discussão do texto Celulares - só faltam dominar o mundo, e ainda falamos sobre os três olhares do texto(leitura superficial; Inferências; Intertextualidade). Finalizando esse dia, em grupos lemos e discutimos o texto Letramento, você pratica?